Contanstantemente eu penso que essa minha vontade de construir algo "significativo" me cega para todas lindas pequenezas do mundo.
Hoje de manhã eu deitei no chão morno e coloquei os pés na piscina do Airbnb em que estou. As nuvens pareciam estar com pressa, porque num piscar de olhos elas iam embora, por isso fiquei ali quietinho só olhando, eu e a lua. Era de manhã e a lua ainda estava ali toda fanfarrona, ela deve ter curtido a rave durante a noite toda e ainda emendou o nascer do dia. Ri sozinho.
Com a super estimulação diária parece que perdi a capacidade de contemplar. De me interessar por algo que vai além do meu próprio umbigo.
Tenho meus momentos de lucidez, mas eles estão ficando cada vez mais raros.
É quase como uma gangorra, tem hora que vejo tudo claro, consigo sentir a vida nos mínimos detalhes e agradeço. Em outros me perco completamente, principalmente quando envolve trabalho e projetos pessoais que considero importantes. Nessas horas que eu deveria justamente buscar o equilibro que tanto valorizo, eu ignoro com todas minha forças, como se o Bolsonaro quisesse me dar aula de educação moral e cívica.
E sei lá, recentemente viajando por alguns pontos turísticos lotados de gente, sinto que muita gente também está deixando de lado o "contemplar". Estamos olhando o mundo através da tela mesmo quando estamos de frente com as belezas naturais mais insanas do planeta.
Mas as vezes também me pergunto se algum dia as pessoas realmente se importavam em contemplar. Vai saber. Eu sei que isso é importante pra mim e que tenho feito menos do que gostaria. Estou realizando o sonho de viajar o mundo e me incomoda muito perceber que estou mais preocupado com o futuro do que aproveitar o agora.
A festa não estaria completa se eu não chamasse a síndrome do impostor pro rolê. Já era foda, e agora a merda bateu bonito no ventilador. Por causa das mídias sociais que tanto amo... e que tanto odeio, a grama do vizinho não só se tornou multicolorida, como também possui unicórnios pastando e é adubada com chocolate belga.
Não sei como me afastar desse tornado que suga nossa habilidade de admirar as coisas simples e o presente. Acho que por isso que resolvi escrever, pra aumentar um pouco minha percepção do problema e tentar mudar.
Dizem que o primeiro passo é sempre o mais importante, vamos ver 🙂
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